Oi gente, tudo bem com vocês? Respondendo às inúmeras dúvidas que recebo de colegas advogados, estudantes do curso de Direito, bacharéis e até pessoas que estão pensando em entrar no Direito, resolvi escrever esse artigo.
Lembrando que, aqui vão as minhas percepções de mercado, meus anseios e dúvidas e minha vivência. Por isso, este artigo possui uma didática meramente pessoal!
Então, vamos ao que interessa!
Primeira dúvida frequente: vale a pena prestar o exame de ordem antes mesmo de se formar? Olha, essa questão é realmente muito pessoal, eu apenas posso mencionar as minhas escolhas. Então, eu decidi fazer o exame após a conclusão do curso, pois em 2 semestre cursei 21 disciplinas, incluindo monografia e estágio, para terminar logo a faculdade.
Todavia, creio que se o estudante se organizar, a melhor coisa a ser feita é prestar o exame de ordem antes do término do curso, pois ficará com menos uma obrigação.
Mas, Lorena, e se eu não passar de primeira? Gente, isso não é uma regra, você não deve e nem pode se comparar a ninguém! Eu quase fico louca, pois me espelhei muito no meu irmão que passou de primeira. Para mim foi bom, pois inclui metas e consegui passar de primeira, porém, pode ser que você não funcione assim.
Então, se você vai passar de primeira, segunda, terceira ou vigésima vez, isso não importa, o que deve ser importante é que você está focado, dando o seu melhor! Não desistam, plantem o agora para colher no futuro…
Segunda dúvida que me perguntam sempre: me formei e agora? Pois é! Fiz uma pesquisa bem rápida e vi que hoje existem mais de 1 milhão (isso mesmo), 1 milhão de advogados. Ao passo que escrevo esse artigo devem estar recebendo a carteira de ordem mais milhares.
Aí surgem as dúvidas: o que eu vou fazer? Primeira coisa importante, faça uma análise se você realmente tem o perfil para advogar, percebeu que sim, passe a pergunta seguinte: quero trabalhar para um escritório ou montar o meu?
Bem, é importante perceber que cada pessoa possui um perfil empresarial, muitos querem apenas advogar, sem se preocupar com os problemas gerenciais, estratégicos e financeiros! Ok, não vejo nenhum problema com isso, pelo contrário, é necessário esse perfil empresarial, pois são aquelas pessoas que tocam as petições, gostam de ficar dentro do escritório, analisar processo, dentre outros.
Se você se enxerga neste perfil, batalhe para entrar em um bom escritório, que possa aprender, ao invés de pegar teses prontas. Penso que o mais importante é cada um aprender e ter a autonomia de criar novas defesas.
Se você não se enxerga nesse perfil, mas gosta de não ter preocupação em pagar funcionário ao final do mês, de fechar balanço semanal, de contar prazo, analisar processo, você pode se identificar com o advogado externo. Aquele que faz audiências, diligências, corre atrás de novos clientes. Esse perfil é um pouco mais dinâmico e é bem necessário que haja uma empatia com o tratar com o público.
Eu vejo como necessário gostar de conversar, ter boa oratória, ser destemido… Muito provavelmente será você que irá defender o cliente em audiência, falará com magistrados, funcionários de varas, dentre tantas outras atribuições.
Mas se você nem se vê dentro de escritório de terceiros e nem como advogado externo, é bom pensar que você pode ser um advogado autônomo e empreendedor! Dentro da minha experiência, esse é um dos perfis mais desejados e procurados. Todavia, nem tudo são flores!
Esse perfil empreendedor requer muito estudo, capacitação e novas técnicas. É crucial entender que a advocacia possui outros parâmetros, que quem quer empreender e advogar sozinho precisa ter todos os atributos em um só. Como assim, Lorena?
Tenha em mente que de início você irá buscar clientes, sem ferir o Código de Ética (coisa que não é de outro mundo), fará reuniões, com isso terá que possuir um local para atender os clientes, mas calma, não necessariamente você precisará obrigatoriamente de um escritório. Hoje existem coworking, parcerias jurídicas e outros meios para conseguir iniciar na advocacia.
Na reunião, você terá que suprir as necessidades dos seus clientes, em termos jurídicos (ai vem o dilema: cobrar ou não consulta? Fica a seu critério), demonstrar conhecimento no problema para fechar a demanda. Conseguindo fechar o negócio, será necessário precificar o seu serviço, ou seja, valorar o seu trabalho.
Infelizmente não estudamos isso na faculdade, eu tenho uma bagagem melhor, pois fiz Administração de Empresas como primeiro curso. Enfim, mas analisando os advogados que não possuem essa dinâmica, existe uma forma de pelo menos ter uma ideia de preço: a tabela da OAB.
Depois, você acaba entendendo que será necessário fazer uma tabela para cada caso, pois existe a hora trabalhada. O que é isso, Lorena? Será todo o esforço, estudo, dedicação que você irá gastar com aquele cliente e aquele caso. As idas ao Fórum, diligências, audiência, acompanhamento processual, resposta ao seu cliente, ou seja, o preço não deve ser cobrado apenas baseado na tabela de honorários da OAB.
Além disso, é necessário que você saiba O SEU PREÇO! Quando você agrega valor ao serviço, tenho certeza que seu cliente não irá barganhar o valor cobrado. E se isso acontecer, vai por mim, é melhor “perder” um cliente e ganhar sua paz de espírito!
O que hoje tem que ser entendido de uma vez por todas, é que o advogado recebe por suas demandas, não sendo compatível trabalhar sem valor de entrada, haja vista que só para entrar com uma ação é necessário fazer reuniões com o cliente, a peça processual, acompanhamento, diligências, audiências e acompanhamento até, pelo menos, a sentença.
Sendo assim, valorizem-se! Mas como eu disse antes, isso é de cada um. Aqui é apenas minha percepção, até porque, eu continuo com meu propósito de pegar pelo menos uma causa por ano gratuita, quando vejo que o cliente não possui condições!
Enfim, ultrapassado o item preço, vamos para algumas outras etapas que o advogado autônomo deverá seguir. Fazer a peça inicial, saber protocolar corretamente no sistema (para isso será necessário possuir a carteira com o token – isso é cobrado a cada 3 anos a renovação! Agora vocês irão começar a entender o porquê de não devermos trabalhar de graça), acompanhar o andamento processual, avisar o seu cliente da audiência, avisar novamente quando a audiência estiver próxima, caso não haja acordo na audiência de conciliação, analisar se será necessária uma audiência de instrução (e aqui você precisa estar preparado para fazer perguntas), é necessário acompanhar se os pagamentos de suas demandas estão sendo depositados nos dias corretos, fazer contrato de prestação de serviços, procuração, participar de eventos voltados à advocacia, fazer cursos de qualificação, fazer uma Especialização, quem sabe um Mestrado.
Ufaaaaaaaa!!!! Isso são apenas algumas atribuições do advogado, lembrando que existe a parta burocrática: acompanhar prazo, ir despachar com juiz, peticionar, buscar uma logomarca, um nome, um site, um blog (???), fazer a parte de papelaria (pois seu cliente precisa lhe ver), pagar energia, aluguel, mobiliar o escritório, comprar roupas adequadas (aqui peço que não me condenem, cada um com seu estilo, mas o que eu sempre falo: se eu sou um advogado tributarista, preciso possuir alguns atributos que talvez um advogado que atua para Reclamante não precise, pois dependendo do modo que converse e se vista, poderá assustar seu cliente. É gente, advogar na seara trabalhista é renovador, ali você consegue realmente ver a vivência de pessoas que muitas vezes não possui dinheiro para comer, enfim, outra discussão).
Bem, existem outras formas de adentrar no ramo jurídico, uma delas é fazer parte de uma Comissão da Ordem: lembrando que isso é um trabalho VOLUNTÁRIO, que eu particularmente admiro muito quem realiza de forma verdadeira.
Outra maneira que vem sendo muito difundida é advogar em parceria, ou seja, algumas questões que você não domina, mas conseguiu um cliente, você faz em conjunto com algum advogado mais experiente (é, esse ponto eu sempre falo: não adianta você querer ser bom em tudo e acabar perdendo uma ação importante por não saber o rito processual). Outra dica valiosa: se decidir advogar em parceria, NÃO ESQUEÇAM DE CONFECCIONAR CONTRATO COM O OUTRO ADVOGADO! Acham que não? Pois existe, e muito, advogados que se acham muito espertos e não repassam os percentuais acordados. O que fazer? Se tiver o contrato – EXECUTA sem pena! (não confiem tão fácil assim das pessoas, quando denota dinheiro e poder, muitos se TRANSFORMAM).
Também existem software jurídicos que auxiliam nas tarefas diárias: com contagem de prazo, armazenamento de documentos, interligação entre os advogados do caso, e muito mais ferramentas.
Outro ponto importante: escrever ou não escrever artigos? Bem, isso é algo muito pessoal, mas, como me mandam muitas dúvidas a respeito disso, eu opino que SIM. Escrevam nas áreas de atuação e que se sentem mais confiantes, se não querem escrever sozinhos, convidem uma outra pessoa para dividir o artigo, ou seja, em coautoria.
Eu mesma estou sempre à disposição para escrever sobre tudo, só basta um convite e estudar sobre o tema: fica a dica!
Agora vou adentrar um pouco em relação à Administração de Empresas, ou seja, algumas técnicas que precisam ser desenvolvidas e que, inclusive, já mencionei em um artigo anterior, chamado: O Processo de Coaching na carreira jurídica: foco, crescimento e sucesso (https://lucenatorres.jusbrasil.com.br/artigos/348388256/o-processo-de-coaching-na-carreira-juridica-foco-crescimento-e-sucesso).
É que, é necessário entender que um escritório de advocacia não é apenas um escritório, e sim, uma empresa. Empresa esta, que necessita definir metas, planejamento, estratégias, missão, visão, valores. Parece bobagem não é? Mas não é!
Assim, seguem alguns pontos “básicos” mencionados no artigo do processo de coaching x carreira jurídica, que fazem toda a diferença:
- Defina seu Nicho de mercado;
- Persona/Público Alvo;
- Valor;
- Preço;
Depois deste passo-a-passo, é necessário entender o porquê da importância destes pontos. Ora, nos tempos atuais o advogado que não se especializa, ou seja, que não tem diferencial, será apenas mais um na multidão.
Definir seu Nicho de mercado é saber qual área você quer atuar, seu segmento, e isso engloba além de escolher ser advogado civilista, que este seja especialista em divórcio, por exemplo, ou em contratos bancários. O mundo do direito é muito amplo para você querer ser expert em todas as áreas, e isso é apenas uma visão minha, nada contra quem entende um pouco de tudo.
Com o Nicho desenvolvido, passamos para a ferramenta que define a Persona, ou seu Público Alvo. Desta forma, ficar por dentro de quais necessidades o segmento que você irá atuar precisa, sua classe econômica, social, por onde eles andam. Depois disso, você investe no Marketing focado.
Desta feita, agregue valor ao seu produto, dê retorno ao cliente, para então passar à estratégia de preço. Defina o preço dos seus honorários! Sei o quão difícil é isso, pois não sabemos valorar nosso mérito.
Por último, analise as Metas, estabeleça metas que serão atingíveis. Ser rápido na solução da demanda? Sim, mas com zelo naquilo que é importante ao seu consumidor. (TÔRRES, Jusbrasil, on line)
Em outras perspectivas, vou analisar um pouco as tendências jurídicas, áreas de atuação, mercado. Já sabemos que precisamos ter algum diferencial, assim, chega o momento de analisar quais áreas poderão ser mais procuradas mais à frente.
É notório que em novembro a Reforma Trabalhista entrará em vigor, então, quem atua na área do Direito do Trabalho deverá estar afinado com as mudanças, que são muitas! Além disso, está sendo votada a Reforma Previdenciária (inclusive muito discutida, e não tem como não ser!), que será um outro ponto importante para ser estudado. Sem contar com a minha área de especialidade, Direito Ambiental, que muitas pessoas vendem o “pacote”, mas na verdade, nunca estudaram sobre o assunto.
Aqui são muitas as possibilidades, mesmo que o meio empresário brasileiro ainda seja muito atrasado, existem mudanças que serão necessárias para adequação ambiental e sadia qualidade de vida (mas isso é uma discussão que ficará para uma outra oportunidade).
Por fim, devemos lembrar que independente das escolhas que façamos, precisamos ter uma vida social. Eu mesma sei o quanto é complicado conciliar estudos, trabalho, viagens, projetos, escritório, empresa, clientes. Todavia, precisamos e devemos ter nossos momentos de lazer, além do mais, nesses momentos, para quem possui uma mente empreendedora, você poderá sempre estar unindo o lazer ao trabalho e fechando ótimos negócios. Espero que gostem do artigo e como sempre digo, me coloco à inteira disposição de vocês para auxiliar em alguma questão. Contem sempre comigo, forte abraço!
“Se realmente fizéssemos tudo que somos capazes, nós nos impressionaríamos gigantemente” – Thomas Edison
“Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor” – Walt Disney
https://lucenatorres.jusbrasil.com.br/artigos/497676747/novas-tendencias-do-curso-de-direito-x-vida-social